CAPACITAÇÃO E TREINAMENTO EM EDUCAÇÃO BILÍNGUE E ENSINO DE IDIOMAS

Trabalhando a oralidade em salas numerosas

Juliana Tavares / Louise Potter

Uma das principais preocupações de professores que ensinam Inglês ou Espanhol em salas numerosas está em como desenvolver efetivamente a oralidade no idioma. A quantidade de alunos se torna um fator mais desafiador, já que é muito mais difícil controlar o que os alunos produzem e se o fazem com precisão e fluência. Enquanto o professor monitora um ou dois alunos aqui na frente, como saber se o pessoal lá atrás está fazendo a tarefa direitinho? E o que dizer daqueles que, mesmo com muita vontade, ainda assim precisam de mais ajuda e apoio que outros?

Trabalho complicado esse! Porém, não é impossível trabalhar a oralidade com suas salas grandes. Para tanto, você pode começar a refletir sobre isso durante a preparação de suas aulas. Comece fazendo as seguintes perguntas:

Quais são meus objetivos com a prática oral?

Nem toda prática oral consiste de atividades comunicativas, nas quais o aluno deve necessariamente conversar. Uma prática oral pode envolver repetição de palavras, para maior fixação de vocabulário; pode ser a prática da pronúncia e entonação da língua, assim como as práticas de diálogos e apresentações que envolvam preparação prévia. Para cada objetivo há um tipo de prática e para cada uma delas há técnicas e expectativas diferentes. Quais são as oportunidades para a prática oral nesta aula? Podemos trabalhar com prática oral de várias maneiras, mas o mais importante é sabermos incorporar a oralidade em qualquer aspecto da sala de aula. Ao trabalharmos com vocabulário, podemos fazer repetição em uníssono; ao trabalharmos com gramática, podemos usar o que está sendo apresentado para fazer perguntas a alguns alunos, alternando a cada aula. Atividades comunicativas podem ser feitas em duplas, sempre após demonstrar, através de exemplos, o que deve ser feito. Até mesmo leituras podem servir de insumo para a prática oral. Apresente questões relacionadas ao texto trabalhado e estabeleça um tempo para que os alunos respondam oralmente para a classe.

Como estou treinando meus alunos para a prática oral?

Se os alunos não estão acostumados a trabalhar a oralidade, o primeiro passo é ensiná-los e treiná-los. Isso pode levar tempo e demanda paciência, mas uma vez que as regras e procedimentos são internalizados, fica muito mais fácil trabalhar a oralidade em grupos. Comece treinando técnicas simples, como open pairs, e choral repetition, pois nelas você ainda está no comando. Depois, proponha pequenas atividades em duplas e acostume os alunos a trabalharem de maneira colaborativa. Uma vez que essa prática estiver sólida, aumente o número de alunos em cada grupo, trabalhando duas duplas juntas. Parece bastante complicado no início e provavelmente haverá problemas de comportamento; porém, toda mudança exige um período de adaptação da parte dos alunos e professor. Estar ao lado deles no processo, dizendo exatamente o que é esperado e como está o progresso da classe incentiva os alunos a trabalharem juntos na busca do objetivo a ser alcançado. A ideia é que os alunos sintam que você está ao lado deles e comemora cada vitória e cada objetivo alcançado. Para isso, eles devem saber exatamente quais são suas expectativas.

Como incentivar meus alunos a se arriscarem a usar a língua?

Se os alunos não virem motivos para se esforçarem a falar, isso nunca irá acontecer. É importante que os alunos entendam que a sala de aula é o espaço para tentativas, erros e acertos e que o seu trabalho como professor não é punir os alunos pelo que fazem de errado, mas dar suporte para que consigam fazer o certo. Ao sentirem segurança de sua parte, os alunos tornam-se parceiros no processo de ensino e aprendizagem. Portanto, você precisa ser o primeiro a acreditar que é possível ensinar inglês em uma sala numerosa e seus alunos passarão a fazê-lo também. Afinal, otimismo é contagioso! Mas lembre-se: controle suas expectativas e saiba comemorar cada melhora, por menor que ela seja.

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