By - Mônica Braga
Nessa primeira tentativa de escrever meu nome eu já sabia que seria professora. Giz, lousa, lápis de cor, papéis, livrinhos e bonecas fizeram parte da minha infância. O que eu nunca imaginei é que toda essa paixão pelo ambiente escolar se transformaria em minha missão.
Na minha história não houve excelentes faculdades, intercâmbios, diplomas internacionais, mestrado, doutorado e emprego em escolas que me dessem o suporte. Conto isso não como um problema, mas por acreditar que essa foi a grande oportunidade de superação, pois foi justamente a minha angústia que me levou a buscar respostas.
Entrei pela primeira vez em uma sala de aula com 19 anos e, ao me deparar com aqueles 35 pares de olhinhos indagadores, senti uma responsabilidade muito grande – afinal, eu faria parte da história de cada um deles. Comecei a ensinar inglês em uma escola pública no interior de São Paulo. Muitos alunos mal conheciam a capital, imagine falar sobre Estados Unidos, Europa ou qualquer outro país no mundo! Meu desafio não era ensinar tempos verbais, mas mostrar que mesmo aparentemente não tendo nenhuma utilidade no dia a dia deles, seria maravilhoso descobrir que eram capazes de aprender outra língua. E a mágica aconteceu! Fabricavam seu próprio material. Montamos casas de papelão para aprender vocabulário. As mesinhas foram feitas de caixas de fósforo e os banquinhos de tampa de pasta de dentes. Num ambiente de giz e lousa a criatividade corria solta. Nada de gravador, fita cassete, vídeos ou televisão. Era o ano de 1983 e o que tínhamos eram brincadeiras e muita vontade de aprender. Trabalhei durante 12 anos na escola pública.
Em 1992, veio uma grande virada. Fui trabalhar no PBF – Pink and Blue - Freedom e tive acesso a materiais incríveis pela primeira vez! A combinação da minha criatividade com todo aquele material foi espetacular! A escola possuía um playground enorme. As crianças aprendiam inglês através de jogos, música, histórias e muita brincadeira.
Tudo fazia cada vez mais sentido e eu vi a necessidade de me aprimorar mais. Após dois anos da minha formatura em Letras – Português/Inglês – voltei a estudar. Terminava um curso e começava outro. Mas ainda existia algo que me angustiava. Mesmo com dinâmicas e um bom material, alguns alunos não conseguiam acompanhar a turma. Era como se precisassem de mais um pouquinho de tempo, de atenção e de uma dose extra de autonomia para deslancharem. E assim fui buscar respostas na Psicopedagogia, para entender quais eram os problemas de aprendizagem e todo o processo que leva o ser humano a construir o conhecimento. Fui me aprofundando nas leituras sobre metodologia e aprendizado. Aprendi a respeitar o tempo de cada um, a adaptar currículos, refazer caminhos e redefinir metas. Não dá para encaixar o aluno no currículo, no material didático e na metodologia. O que funciona é conhecer o ser humano que está em sua frente, com sua história, com suas habilidades e encaixar tudo isso na necessidade dele.
Apesar de todo o esforço em destravar a capacidade de cada um, continuava encontrando barreiras. E graças a essa rebeldia em não aceitar o “fracasso”, a minha busca continuava acirrada. Livros, cursos online e o tão sonhado intercâmbio. Meu primeiro intercâmbio foi para o Canadá, fui fazer o IELTS. Estava com 47 anos. Finalmente o sonho se realizava. Voltei com muitas novidades, nova proposta de estudos e abordagens. Comecei a dar aula particular para adultos. A queixa de todos eles era a mesma. Estavam cansados de tentar aprender inglês sem obterem um resultado satisfatório.
Novos desafios!
Em meio a tantas aulas, decidi fazer um curso diferente para relaxar. Me inscrevi em um curso de Contadores de Histórias. Ao preparar minha apresentação, percebi que quanto mais eu lia e recontava a história, mais eu assimilava e mais o meu vocabulário aumentava naturalmente. Então, em 2013, percebi que se usasse as técnicas de um contador de história com meus alunos eles conseguiriam aprender inglês com mais naturalidade.
Bingo!
Nos conectamos através da linguagem e criamos vínculos através de histórias. O vínculo com o aprendizado estava sendo gerado. Aprendi que quanto mais conexões neurais construímos através das sensações, mais fácil lembrar dos conceitos e seus significados. Atividades memoráveis e repetição com propósito tornam o aprendizado mais fácil. Contar e recontar histórias potencializa quantitativamente e qualitativamente o aprendizado.
Lógico que nem tudo funciona para todos e, como era de se esperar, comecei a questionar os resultados. Em uma noite de insônia, decidi ir além da metodologia e da dificuldade de aprendizagem, que nem sempre existe. E com isso me matriculei em uma pós-graduação de Psicoterapia Corporal. Bloqueios emocionais interferem no aprendizado. Experiências dolorosas são revividas cada vez que somos expostos à mesma situação.
Hoje, desenvolvo um trabalho de mentoria com alunos e professores em busca do autoconhecimento, ressignificando assim a sua própria aprendizagem. A busca pelo autoconhecimento é uma atitude heroica que nos liberta dos padrões culturais que se repetem há anos. Colocar a teoria em prática requer autoconhecimento e coragem. Através de ferramentas desenvolvidas por mim como o uso do Canvas, propostas do Design Thinking e metacognição, ensino como desenvolver um novo olhar para si e para o outro. É necessário reinventar a educação, é necessário transformar nossa paixão em missão!
* Mônica Braga é graduada em Letras - Português/ Inglês, pós-graduada em Psicopedagogia e Psicoterapia Corporal. Professora desde 1983. Trabalhou em escolas regulares da rede pública e particular, cursos de inglês PBF e CCAA e é professora particular desde 2009. Mônica já apresentou os seguintes trabalhos em Congressos de Psicoterapia Corporal: What’s your story? Como adquirir fluência em inglês. Qual é o medo por trás da sua melhor desculpa? Você pode entrar em contato com Mônica através de seu e-mail teachermonica.braga@gmail.com ou através de sua página no Facebook: https://www.facebook.com/English-Coach-M%C3%B4nica-Braga-1549122151977807/. Saiba mais sobre Mônica aqui: http://partiuplanob.com.br/english-coach-para-quem-precisa-aprender-ingles-com-qualidade-e-rapidez/
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